Casa rústica construída entre pedras

Mariana Caldeira Mariana Caldeira
CASA EM FORMA DE ABRAÇO , pedro quintela studio pedro quintela studio غرفة نوم حجر
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A divulgação da arquitetura é fortemente influenciada pela qualidade das imagens partilhadas, que nem sempre refletem a qualidade do projeto que possibilitou a construção. Muitas vezes chegam a ser desenvolvidas algumas intervenções que pretendem criar excelentes momentos fotográficos esquecendo o verdadeiro propósito desta arte.

É neste sentido que hoje a Homify 360º lhe apresenta uma habitação excepcional, desenvolvida através de um processo criativo extremamente interessante. Despoletada pelo interesse do próprio arquitecto numa ruína apelidada de monte de pedras, nasceu uma casa que procurou adaptar-se às características do lugar, criando uma atmosfera única.

A qualidade do trabalho desenvolvido pela equipa liderada pelo arquitecto Pedro Quintela já foi anteriormente partilhada aqui na Homify 360º. Preconizando a lógica criativa dos elementos naturais que nos rodeiam, o atelier baseia a sua metodologia projetual em três fases fundamentais: Uma primeira fase de adaptação, marcada pelo aparecimento de respostas espontâneas ao lugar, seguida de uma fase de transformação apoiada na reflexão e finalmente a cristalização que completa o desenvolvimento do sistema criativo.

O início

Situada no centro da aldeia de Malveira da Serra, na base da Serra de Sintra, a ruína debruçava-se sobre o Oceano Atlântico, acompanhada da exposição solar vinda de Sul. As visitas ao lugar acabaram por despertar o interesse do arquitecto, que rapidamente finalizou a compra do imóvel com os proprietários deste espaço. Apresentando um nível de degradação extremamente desafiante, a antiga casa rural desenvolvia-se através de uma forma de U, capaz de conformar um pequeno pátio anteriormente utilizado para fins agrícolas.

Intervenção

Dadas as características do lugar, a intervenção iniciou-se com um processo de limpeza das ruínas que acabou por assumir um papel preponderante ao longo do desenvolvimento de todo o projeto. Esta primeira fase permitiu um contacto directo com o espaço, possibilitando um conhecimento mais profundo de todas as áreas. Foi a partir destas descobertas que o arquitecto optou focar a sua intervenção numa reinterpretação da obra dando-lhe uma nova vida.

Materiais

Apesar de apenas algumas paredes de pedra tenham sobrevivido à acção do tempo, a vontade de preservar a identidade e as memórias da construção original, levou a que a recuperação se desenvolve-se com a utilização de materiais locais, como a madeira de pinho e o granito da região. No entanto, grande parte da matéria prima assentou nos materiais encontrados no próprio lugar, integrados em sítios diferentes, foi-lhes dada uma nova vida, através de novas funções.

Interiores

Grande parte dos interiores nasceu a partir da própria arquitectura do lugar, em oposição à típica integração de mobiliário numa fase pós projetual. O resultado são ambientes que conformam uma combinação equilibrada entre o contemporâneo e o rústico, sempre numa linguagem simples e modesta.

Sala

O branco das paredes, que complementa o excelente trabalho desenvolvido ao nível da iluminação natural, é contraposto pela utilização abundante da madeira, tornando o espaço mais caloroso. A lareira, extremamente bem desenhada, atravessa o duplo pé direito da zona de estar, criando ao mesmo tempo alguma privacidade na zona de mezzanine mais resguardada. 

Zona de Jantar

A zona de refeições é acompanhada de um dos detalhes mais interessantes de todo o projeto. Criando permeabilidade visual, foi integrado uma espécie de tapete de vidro no pavimento. Além de permitir uma maior fluidez ao nível da iluminação, este pormenor torna visível a estrutura em madeira de pinho maciça.

Cozinha

Uma combinação perfeita entre tradição e modernidade! A harmonia estabelecida entre materiais locais e calorosos e novos equipamentos contemporâneos cria uma atmosfera única nesta divisão. A qualidade do ambiente criado na cozinha resulta também do acesso visual que se criou com a sua envolvente. Através da relação estabelecida com a sala, pátio, sala de jantar e mar, este espaço é sem dúvida o coração da casa.

Quarto

Graças à filosofia projectual do atelier de Pedro Quintela, a montanha de Sintra está dentro da própria casa. Acompanhando o quarto principal da habitação, esta parede em pedra foi cuidadosamente limitada antes do encontro com a cobertura, permitindo uma circulação do ar eficiente. Naturalmente os restantes elementos do quarto foram materializados numa linguagem simples e neutra, deixando a beleza natural da arquitectura ser  protagonista do espaço.

A dedicação do arquitecto, que se deslocou para uma casa vizinha ao longo de todo o processo, é notória no resultado final e em todos os detalhes da habitação. A vontade de se integrar e familiarizar com todo o contexto que envolve o projeto, permitiu captar o espírito do lugar que assumiu um papel preponderante na construção da obra. De facto, só uma análise exaustiva de um espaço em ruínas possibilitou a criação de um espaço harmonioso e acolhedor, como já nos tem habituado o arquitecto Pedro Quintela.

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